quarta-feira, 17 de novembro de 2010

.8. Aquele do Cálculo em Reflexo

Parei para pensar alguns instantes sobre o que mais sinto saudades ultimamente, e ficou difícil de pontuar duas ou ter coisas. São várias. Chega o final do ano e o balanço do desenvolvimento pessoal torna-se iminente e à beira de saltos que podem causar espanto de contemplação ou medo à medida que são somados. Números apavoram por sua exatidão verdadeira e são os reais reflexos de nossas atitudes frente à vida.

Naqueles instantes que nos desligamos de olhos abertos e outras imagens circundam nosso circo visual a mente consegue armar truques e desencadear reações químicas muito curiosas em nosso ser, onde somos levados contra vontade para aquilo que guardamos de mais interno: pessoas queridas, situações singulares (boas ou ruins), canções e desenhos que ficaram gravados além dos velhos e bons hábitos que foram, ou não, substituídos por novos.

Como a mudança foi a palavra de ordem, reclamação é a seguinte, mesmo jurando o contrário; O resmungo é o ranço dos perfeccionistas. A segurança da rotina que se cria com o passar dos anos é mais do que um tédio casual que nos aplaca de conformismo, mas o porto seguro que se busca intimamente.

A esta altura do campeonato, o tempo de refletir se transforma no de calcular.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

.7. Aquele da Construção

Vivemos em coexistência no mundo das diferenças, onde a incompreensão parte como premissa de tudo. Estamos suscetíveis a opiniões diversas, situações adversas e diversificada diversidade sempre em busca do aprimoramento. Ah, esse utópico aprimoramento que já levou tantos sábios à loucura ou ainda ao destino de todo humano sem nem compreender uma pequena fração dessa complexa teia que chamamos de relações.

Tenho comigo que a incompreensão instiga e motiva. Ela é o real agente da vida que movimenta nossas mitocôndrias e as força a levar o oxigênio para os pequenos cantos de nosso corpo, acelerando a sinapse e permitindo ação, reação e desbravamento em campos do medo. Quando somos simples demais, acessíveis demais, decifráveis demais o tédio toma conta das mesmas organelas e pronto, por que correr se as evidências são tão óbvias?

A amizade é um ponto facultativo, tão opcional quanto qualquer palavra que venha após parênteses em provas. Ser amigo já escapa dessa premissa, pois quando nesse estado sublime, qualquer generalismo pode significar descaso; recua, desconfiança; rispidez, desafeto.

A construção do bem querer é como uma maravilha da engenharia. Requer cuidado no planejamento, matemática fria nos cálculos, primor na execução, boa mão de obra e acabamentos bonitos e de qualidade. A vivência, paciência e comprometimento finalizam a obra com salvas únicas e segurança de que por mais drástico que seja o abalo, ela permanecerá em pé.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

.6. Aquele do desfibrilador barulhento;

Existem mil circunstâncias onde o silêncio é audível. Começa com uma sensação interna, de desconforto e modo de pensar diferente de qualquer outro comportamento. A angústia é um sentimento que mexe com o profundo de nossos seres em um movimento de inquietude não fundamentada que muitas vezes leva ao descontrole.

Quando a pressão de nossas veias aumenta e nosso suor salgado escorre aos poros em um líquido gélido e não confortante, o cérebro envia um impulso sensorial ao coração como se este estivesse sob pressão constante. Nossos sentidos aguçados detectam ameaça e a posição de ataque vira defesa. Coagidos pelo etéreo, a melhor forma de combater o nada é tangibilizando a causa em uma criatura dos tempos de menino.

Pronto, já pode dormir agora; ele, já criatura e não mais o vazio, não irá voltar tão cedo.