sexta-feira, 8 de outubro de 2010

.3. Declaro ao amigo que;

Vou aproveitar o ligeiro momento de sol para escrever algumas pequenas e singelas palavras, meu velho amigo. Digo velho por que dos anos que acredito que realmente tenham sido aproveitados da minha simples vida, aqueles bons mesmo, tu sempre esteve presente – de forma tangível ou não.

Dividiu tanta coisa comigo, se valendo apenas da incerteza de retorno e da gratuidade situacional. Foste um mestre em todos os sentidos, orientando as mais diversas questões que lhe trazia à uma solução viável ou uma forma engraçada de sorrir com o incorrigível ou imutável. Conseguiu moldar em mim um projeto de pensador que hoje consegue observar as coisas de modo diferente e realmente percebe a beleza, mesmo em seu estado bruto.

Tu tens uma maestria particular de apontar sua visão com humildade que acaba por convencer ou outros de que o teu ponto é correto. Criou uma forma pura de perfeição admirável que consegue equilibrar a perversidade diabólica com personalidade divina. Tornou-se um homem de várias mãos, pernas e cérebros e com esses, desempenha tarefas além da compreensão dos olhos que julgam, mas muito claros aos olhos que contemplam.

Vem de um carinho maternal aos teus e consegue nos despir com delicadeza até que entreguemos de boa vontade nossos mais profundos medos às tuas mãos para nos cuidar. Após abraçar silenciosamente, abre um sorriso réptil que desconserta e logo atrás brinca com o sério, mostrando que a seriedade é divertida, mesmo com toda a sua complexidade e melancolia.

Nunca foste de palavras soltas nem de anedotas infantis. Até suas atitudes imaturas são perfeitamente embasadas pelos pensadores grandes, que de tão grandes acabaram se juntando a única entidade capaz de entender com paciência essa grandeza. Dissemina o teu conhecimento de forma altruísta, por que de fato acredita que o altruísmo consegue construir um ser humano melhor e ao mesmo tempo, vale do sarcasmo como ferramenta medonha para tripudiar-se dos não queridos, provando mais uma vez que essa tal perfeição é particular.

Amo-te muito, meu amigo. E minha forma mais gentil de expressar isso é escrevendo uma resposta de e-mail, já que as cartas hoje demoram e o frio do monitor muitas vezes consegue esquentar os corações dos leitores que admiram palavras como arte emoldurada à tecnologia.

Sempre Saudades Suas.

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